terça-feira, 26 de julho de 2011

Dia da Avó

É impossível lembrar de meus primeiros 35 anos de vida sem a presença daquelas maravilhosas mulheres, com as quais aprendi muito, cada qual com suas características. As duas mulheres as quais me refiro são a dona Maria e a dna Ilse, carinhosamente chamadas por mim, respectivamente, de vovó Baía e vovó Zita, que irei tentar contar um pouco sobre a importância de cada uma delas para mim.
Em minha infância, as férias eram divididas em duas partes: Ituverava e Fazenda Santa Rita de Cássia.
Em Ituverava, terra natal de meu pai, vivia a vovó Baía. Vovó era uma senhorinha baixinha com traços que traziam sua herança espanhola. Era ao mesmo tempo brava e doce, e vivia em uma casa térrea, antiga e com um terreno enorme onde criávamos por 15 dias um mundo imaginário cheio de aventuras. A terra vermelha impregnava em nossas peles, e o calor do verão nos obrigava a diversos banhos de mangueira por dia, sempre sob os olhos cuidadosos de vovó. Ela fazia rosquinhas e doce de leite, que não faltava nunca em sua geladeira. Da vovó Baía lembro de muitos momentos agradáveis, pois constantemente vinha nos visitar em São Paulo. Cresci, e passei alguns carnavais na "Ituva", como chamávamos a cidade, e sempre me hospedava na casa da vovó, que me tratava como sempre! Amorosa, me chamava de "menino" quando estava brava. "Tira a mão daí, menino... não tá vendo as saúvas?"... era assim que ela me dava bronca... até na bronca era doce a vovó. Mais tarde ela foi acometida do mal de Alzheimer... olhava para um retrato meu na parede - quando criança - e não aceitava que aquele trintão que conversava com ela era o "menino" que sujava a pele de barro e tomava banho de mangueira no quintal alguns anos antes. Vovó Baía nos deixou em 2005. Nunca mais fui à querida Ituva da infância, da terra roxa, da mangueira.
A outra metade das férias era com a vovó Zita, mãe de mamãe, que assim como a outra avó, trazia os traços de sua ascendência alemã. Alta, clara e de olhos azuis da cor do céu, vovó Zita era o oposto da vovó Baía. A fazenda é de sua irmã, a Tia Herta, e lá nos divertíamos muito, eu e minha primaiada. Elétrica e brincalhona, adorava pescar e escutar piadas. Vovó zita viveu infância, adolescência e juventude de ouro, tendo sido muito rica nesse período o qual adquiriu sua personalidade forte e sua aparência aristocrata. Urbana e de gestos nobres, já mais velha, como mantinha a mesma postura, ganhou o apelido de "Baronesa Jaesche" dos filhos. As lembranças da vovó Zita são as melhores possíveis! Seu bom humor e alegria contagiavam a todos, inclusive a mim, que tive a sorte de ser seu primeiro neto, diferentemente da vovó Baía, para a qual fui o terceiro - antes de mim vieram os gêmeos Carlinhos e Glauce. Vovó Zita nasceu, cresceu e envelheceu na Sampa desvairada, cidade a qual amou incondicionalmente. Tomou banho nas águas do Rio Pinheiros, tomou chopp no bar da Brahma com seu pai nas tardes de sexta-feira, foi Miss Piscinas na década de 30 e doou um rim a seu filho do meio, Rogerinho - apelidado por mim de Zozôi. Casou-se uma vez, se separou alguns anos mais tarde e casou novamente, tornando a se separar no fim dos anos 70. Exemplo de mulher e personalidade, vovó Zita nos deixou em março de 1999, 2 meses após ter tido a notícia de ser bisavó. Carolina não conheceu nenhuma das duas bisavós, mas faço questão de contar a elas (Carol e Gabi que veio 5 anos depois) o quão especiais eram essas duas mulheres que deixavam minhas férias sempre mais agradáveis. Sinto muita falta delas, e tenho certeza de que estão em um lugar especial.
Só tenho a agradecer a elas, e deixo aqui minha homenagem: Feliz Dia da Avó! Amo muito vocês, seja lá onde estejam! OBRIGADO por terem me dado tanto sem pedir nada em troca!

Vovó Zita e eu no colo da vovó Baía - Lá por 1970

CAIO



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